"A história por trás do contador de histórias", eis a sugestiva frase de apresentação da mini-série de Rebecca Miller sobre Martin Scorsese — Mr. Scorsese é um conteúdo da AppleTV+ e apresenta-se com este magnífico trailer.
sound + vision
sexta-feira, outubro 10, 2025
quarta-feira, outubro 08, 2025
Heroes, com Martha Wainwright
Eis uma referência lendária, vinda do outro lado do mundo: RockWiz, programa australiano de televisão, existiu regularmente entre 2005 e 2016, coleccionando uma galeria mais que respeitável de visitantes. Agora, (re)apareceu no YouTube uma gravação de 2006 em que Martha Wainwright e Adrian Belew (que colaborou com Frank Zappa, Talking Heads, Laurie Anderson, etc.) recriam o clássico Heroes, de David Bowie — 4 minutinhos de telvisão comme il faut.
terça-feira, outubro 07, 2025
sábado, outubro 04, 2025
Taylor Swift / Elizabeth Taylor
Peça central de The Life of a Showgirl, 12º álbum de estúdio de Taylor Swift, a canção Elizabeth Taylor envolve tanto de requiem como de panfleto sobre a condição de star. Há mesmo um misto de ironia e amargura neste enlace que envolve a estrela maior da actual música popular com a actriz que marcou e, de alguma maneira, reconfigurou o imaginário clássico de Hollywood. Ainda não há teledisco...
Tell me for real, do you think it's forever?
Been number one, but I never had two
And I can't have fun if I can't have
Be my NY when Hollywood hates me
You're only as hot as your last hit, baby
Been number one, but I never had two
And I can't have fun if I can't have you
Bruce Springsteen
no Festival de Cinema de Nova Iorque
Springsteen: Deliver Me from Nowhere, o filme de Scott Cooper sobre Bruce Springsteen, com Jeremy Allen White no papel do Boss, teve a sua apresentação no Festival de Cinema de Nova Iorque (estreia portuguesa: 23 outubro). Bruce Springsteen esteve presente, falou e cantou — eis Land of Hope and Dreams.
sexta-feira, outubro 03, 2025
A IMAGEM: Debbie Millman, 2025
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DEBBIE MILLMAN / NYT "O momento Luís XIV de Trump" 3 outubro 2025 |
quinta-feira, outubro 02, 2025
One Battle After Another, por Jonny Greenwood
>>> A música de Jonny Greenwood.
>>> Site oficial do filme One Battle After Another/Batalha Atrás de Batalha, de Paul Thomas Anderson.
domingo, setembro 28, 2025
DiCaprio, PT Anderson & etc.
Não apenas as singularidades de um filme fora de série como Batalha Atrás de Batalha, mas também a experiência de trabalhar sob a direcção de Paul Thomas Anderson (sem esquecer Scorsese, Tarantino, etc.). E ainda a reafirmação do amor pelo cinema e pela dimensão irredutivelmente social do seu conhecimento — são palavras fascinantes, precisas e libertadoras ditas por Leonardo DiCaprio em entrevista a Ali Plumb, na BBC1.
sábado, setembro 27, 2025
Luís Miguel Cintra
— o cinema que vive através do teatro
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Luís Miguel Cintra em O Velho do Restelo (2014) |
Luís Miguel Cintra e Manoel de Oliveira colaboraram em vinte e quatro filmes, numa viagem recheada de muitas memórias — este texto foi publicado no Diário de Notícias (19 setembro).
Eis um belo título: Pequeno Teatro do Mundo. Assim se designa uma recentíssima edição com chancela da Fundação de Serralves, livro de acompanhamento da exposição homónima dedicada a Luís Miguel Cintra (n. 1949), patente na Casa do Cinema Manoel de Oliveira (CCMO) até 4 de janeiro de 2026. Não é exactamente um catálogo, antes um inventário de memórias e testemunhos em torno de um homem que, muito justamente, o texto de apresentação da exposição define como “uma figura maior do teatro em Portugal e um dos rostos mais marcantes do cinema português dos últimos sessenta anos”.
Aí descobrimos as fotografias encomendadas a André Cepeda, dando a ver a miríade de objectos (da arte sacra à quinquilharia) da casa de Luís Miguel Cintra (agora transfigurados em materiais de exposição). Aí encontramos também um texto de Luís Miguel Cintra que talvez possamos definir como um esboço autobiográfico organizado a partir das suas presenças na obra de Manoel de Oliveira, ensaios inéditos de Paulo Raposo e Regina Guimarães, e ainda uma longa e fascinante conversa com António Preto, director da CCMO, cujo título envolve todo um programa intelectual e afectivo: “Manoel de Oliveira segundo Luís Miguel Cintra”.
Não será necessário sublinhar que a obra de Manoel de Oliveira “adoptou” Luís Miguel Cintra como um dos seus símbolos mais cristalinos, de tal modo as suas interpretações suscitam e, mais do que isso, ilustram toda uma concepção da arte de estar em frente a uma câmara de filmar — na certeza de que, para Oliveira, “estar” é já uma forma de representar, talvez a mais pura e, por isso mesmo, mais enigmática.
Na introdução ao livro, António Preto confronta-nos com o misto de singeleza e complexidade de tal viagem (a palavra “carreira” é escassa para falar de tudo isto) quando nos apresenta um cuidadoso, e muito pedagógico, inventário dos vinte e quatro filmes de Oliveira em que Luís Miguel Cintra participou — da “voz sem corpo” de Lisboa Cultural (1983), “que nos dá a ouvir” o sermão da Epifania do Padre António Vieira até O Velho do Restelo (2014), interpretando “a figura de Camões à conversa com os seus pares num banco de jardim à porta da casa do realizador”.
Dir-se-ia que da pureza metafísica (apenas a voz) até à corporização do poeta (Camões) para sempre entregue à história e à mitologia, à memória e ao esquecimento, o actor é esse nómada da palavra e do ecrã — ou da imagem e do som, se quisermos apelar às lições de Jean-Luc Godard (e porque não?).
Talvez se possa dizer tudo isso de modo mais frio e desencantado, mas não necessariamente fúnebre: o actor é, ou pode ser, aquele que desafia o silêncio da morte, fixando-se (e fixando-nos) numa imagem, numa coleção de imagens capaz de discutir o trabalho metódico da morte. Enfim, de forma mais básica, com o seu quê de comédia, o actor é aquele que, de uma maneira ou de outra, sobrevive à sua personagem. Nota a ter em conta: o texto de Luís Miguel Cintra começa por citar uma pergunta que Oliveira lhe fez, já depois de ter completado 100 anos: “O Luís já viu alguém morrer?”
O que, enfim, nos remete para uma dimensão obviamente teatral: o cinema, arte de muitos fingimentos, existe através de uma teatralidade visceral. Será preciso lembrar que o risco de lidar com essa teatralidade é o motor formal e simbólico de todo o cinema de Manoel de Oliveira? Ele o disse, num diálogo registado no dia 31 de agosto de 1981, na Cinemateca Portuguesa, através de uma célebre fórmula que, a meu ver, sendo teórica, não exclui o sabor de uma elaborada ironia: “O cinema é o registo audiovisual do teatro”.
A IMAGEM: Martin Parr, 1997
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MARTIN PARR / Magnum Benidorm, Espanha 1997 |
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